{"id":1016032,"date":"2019-05-16T06:43:03","date_gmt":"2019-05-16T09:43:03","guid":{"rendered":"https:\/\/newtrade.com.br\/?p=1016032"},"modified":"2019-05-16T06:45:36","modified_gmt":"2019-05-16T09:45:36","slug":"com-pagbank-pagseguro-abre-nova-batalha-na-guerra-das-maquininhas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/newtrade.com.br\/economia\/com-pagbank-pagseguro-abre-nova-batalha-na-guerra-das-maquininhas\/","title":{"rendered":"Com PagBank, PagSeguro abre nova batalha na guerra das maquininhas"},"content":{"rendered":"
A guerra das maquininhas de pagamento entrou definitivamente em uma nova frente de batalha. Na quarta-feira, a processadora de pagamentos PagSeguro levou ao ar uma campanha nacional para anunciar uma nova ferramenta, o PagBank. O mote da campanha \u00e9 \u201cfuja da bancocracia\u201d. A empresa reuniu seus principais garotos-propaganda para anunciar uma nova conta digital, com servi\u00e7os como pagamentos, recargas e empr\u00e9stimos.<\/p>\n
O an\u00fancio vem dois dias depois de o Ita\u00fa lan\u00e7ar sua carteira digital desvinculada de conta banc\u00e1ria, a Iti. \u00c9 um aplicativo de pagamentos que permite transfer\u00eancias usando um c\u00f3digo digital, sem taxas. \u201cUm dos pilares do nosso modelo \u00e9 a liberdade, por isso n\u00e3o precisa ser correntista do Ita\u00fa\u201d, disse L\u00edvia Chanes, diretora do servi\u00e7o.<\/p>\n
O aplicativo do Ita\u00fa tamb\u00e9m permite pagamento a lojistas e clientes processar pagamentos via QR Code, numa novidade que pode competir com o pr\u00f3prio neg\u00f3cio principal das maquininhas. Para ter acesso aos servi\u00e7os, os lojistas pagam 1% de taxa por opera\u00e7\u00e3o e recebem o dinheiro na hora.<\/p>\n
O an\u00fancio da PagSeguro mostra a necessidade das empresas de pagamentos de antecipar um futuro que j\u00e1 est\u00e1 dado, com cada vez mais pessoas usando meios digitais para fazer seus pagamentos. A rigor, as processadoras de pagamentos n\u00e3o t\u00eam grandes problemas no curto prazo. A ter\u00e7a-feira, a PagSeguro anunciou aumento de 57% no lucro e de 70% no n\u00famero de pontos de venda, com mais 284.000 clientes. Na segunda-feira outra empresa de pagamentos em franco crescimento, a Stone, havia anunciado aumento de 600% no lucro do primeiro trimestre, com crescimento de 60% no volume de pagamentos.<\/p>\n
Mas as duas empresas t\u00eam uma espada sobre a cabe\u00e7a h\u00e1 um m\u00eas, desde que outra concorrente, a Rede, controlada pelo Ita\u00fa, eliminou as taxas de antecipa\u00e7\u00e3o de receb\u00edveis para seus clientes, uma das principais fontes de receita das empresas do setor. O an\u00fancio for\u00e7ou sua principal concorrente, a Cielo, a seguir a mesma estrat\u00e9gia, o que tende a reduzir ainda mais seus lucros \u2014 que ca\u00edram 40% no primeiro trimestre. Mesmo com os bons n\u00fameros recentes, a Stone perdeu 28% do valor de mercado em um m\u00eas. A PagSeguro chegou a perder 10% de valor de mercado em um dia, e recuperou parte do terreno desde ent\u00e3o.<\/p>\n
Com o an\u00fancio desta quarta-feira, a PagSeguro deixa claro que a competi\u00e7\u00e3o n\u00e3o se dar\u00e1 mais dentro do limite f\u00edsico das maquininhas com 12 bot\u00f5es e um espa\u00e7o para a inser\u00e7\u00e3o do cart\u00e3o. A corrida \u00e9 para ser dono da carteira digital dos consumidores e dos varejistas.<\/p>\n
Em relat\u00f3rio, Rafael Frade, analista do Brandesco BBI, afirma que a PagBank deve levar a empresa a oferecer neg\u00f3cios financeiros a uma base de clientes n\u00e3o atendida pelos bancos. Ainda assim, o BBI manteve a neutralidade sobre o desempenho dos pap\u00e9is da PagSeguro, j\u00e1 que a competi\u00e7\u00e3o tende a minar a rentabilidade do neg\u00f3cio. E as novas ferramentas, mesmo que emplaquem, devem demorar a gerar resultados. \u201cEmbora vejamos as novas iniciativas como positivas, elas tamb\u00e9m trazem muitos desafios na medida em que requerem expertise em empr\u00e9stimo, comprometendo o risco de cr\u00e9dito da empresa\u201d, afirma Frade.<\/p>\n
\u201cA PagSeguro parece desejar ser o banco do \u2018n\u00e3o-bancarizado\u2019, um p\u00fablico que ela j\u00e1 atende com as maquininhas\u201d, diz Edson Santos, s\u00f3cio e fundador da CO.LINK Business Consulting e que atua h\u00e1 d\u00e9cadas no setor de pagamentos. Outra frente de batalha, destaca Santos, tende a ser a oferta de novos servi\u00e7os de gest\u00e3o do neg\u00f3cio para o lojista, como j\u00e1 faz a concorrente Stone e como fazem empresas mais estabelecidas como a Linx. A PagSeguro tamb\u00e9m est\u00e1 nesta disputa com a aquisi\u00e7\u00e3o recente da empresa de softwares NetPOS, permitindo a oferta de um servi\u00e7o mais integrado a seus clientes.<\/p>\n
Os novos an\u00fancios mostram que h\u00e1 uma demanda dupla, para digitalizar pagamentos tradicionais, e para atrair clientes historicamente ignorados pelos grandes bancos. O Brasil tem mais de 60 milh\u00f5es de cidad\u00e3os desbancarizados \u2014 pessoas que t\u00eam dinheiro, mas n\u00e3o t\u00eam conta em banco \u2014, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat\u00edstica. Juntos, eles t\u00eam uma renda anual de 665 bilh\u00f5es de reais. S\u00f3 19% dos microempreendedores individuais no Brasil t\u00eam conta banc\u00e1ria como pessoa jur\u00eddica, segundo dados de 2016 do Banco Central (os \u00faltimos dispon\u00edveis).<\/p>\n
O volume de pagamentos digitais cresceu 60% nos \u00faltimos cinco anos, e deve manter o ritmo at\u00e9 2021, quando 876 bilh\u00f5es de d\u00f3lares devem trocar de m\u00e3os digitalmente segundo a empresa de an\u00e1lises Capgemini. Outra pesquisa, da consultoria Boanerges & Cia, mostra que, at\u00e9 2027, 49% do consumo das fam\u00edlias brasileiras deve ser pago digitalmente.<\/p>\n
A tend\u00eancia \u00e9 que, no Brasil, o neg\u00f3cio de carteiras digitais n\u00e3o seja monopolizado por poucas empresas \u2014 em mercados mais avan\u00e7ados, como o chin\u00eas, h\u00e1 um monop\u00f3lio de apenas duas companhias. Mas, por aqui, h\u00e1 muita gente na corrida, cada um acreditando em suas pr\u00f3prias armas. A disputa coloca frente a frente adquirentes como a PagSeguro, bandeiras de cart\u00f5es como Visa, bancos como o Ita\u00fa, carteiras digitais como o Pic Pay e varejistas como o Mercado Livre e o Magazine Luiza. Empresas de servi\u00e7os como Uber e Rappi tamb\u00e9m v\u00eam expandindo as potencialidades de suas pr\u00f3prias carteiras digitais.<\/p>\n
Em novembro, o Banco Central autorizou o Mercado Pago, plataforma de pagamentos do varejista Mercado Livre, por exemplo, a atuar como uma institui\u00e7\u00e3o de pagamentos. O Mercado Livre acredita que seu neg\u00f3cio financeiro tem potencial para ser maior que o varejo, e tem como meta \u201cdemocratizar o uso do dinheiro na Am\u00e9rica Latina\u201d.<\/p>\n
A grande quest\u00e3o \u00e9 quem tem, de fato, a melhor m\u00e3o para ganhar esta disputa. A tecnologia de transfer\u00eancias digitais, de certa forma, est\u00e1 dispon\u00edvel a todos. Tende a se sobressair quem ganhar a disputa pelo cora\u00e7\u00e3o dos consumidores, com bem azeitadas campanhas de marketing e ferramentas f\u00e1ceis de usar, mas sobretudo quem for visto como mais seguro pelos clientes. Na sucess\u00e3o de batalhas desta guerra, nesta quarta-feira a vit\u00f3ria foi da dona da Moderninha \u2013 at\u00e9 as 13h as a\u00e7\u00f5es estavam em alta de 5%.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Carteira digital anunciada nesta quarta-feira mostra que empresas de pagamento devem levar a rivalidade para outras frentes<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":1016033,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"content-type":""},"categories":[96],"tags":[9962,48948,48947],"yoast_head":"\n