O ano de 2020 foi um verdadeiro laboratório para que consumidores, varejistas e indústrias aprendessem a conviver com as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus e da Covid-19. Criatividade foi o que não faltou especialmente para que datas comemorativas e períodos sazonais não passassem em branco. E foi assim e será novamente com as Festas Juninas.
Nas escolas, o drive thru junino se popularizou pelo país ajudando a alavancar as vendas dos produtos relacionados à data e o mesmo aconteceu nos lares, com famílias se caracterizando e comemorando, cada um do seu jeito e de acordo com as normas sanitárias. Em 2021 o cenário é o mesmo, porém um pouco mais otimista. De acordo com um estudo realizado pelo departamento de economia e pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (APAS), 44% do setor supermercadista aguarda um crescimento de 5% nas vendas durante o período de festas juninas. Ainda de acordo com o levantamento, produtos típicos como batata doce, fubá, canjica, leite de coco e milho de pipoca tiveram uma elevação média de até 7% entre os 10 principais itens consumidos durante o período.
Para os supermercados, o período tem uma grande importância principalmente quando se fala em alavancar a venda de algumas categorias, como doces e embutidos. “Nessa época a cesta de compra do cliente fica muito diversa, e por passar por várias categorias gera uma alta rentabilidade e aumento de ticket médio”, diz Fernanda Dalben, diretora de Marketing da Rede Dalben Supermercados e Vice Presidente da POPAI Shop. Ainda de acordo com ela, as principais categorias que a rede percebeu uma expansão de vendas são mercearia doce, mercearia salgada, frios e bebidas alcoólicas. “O incremento chega a 15% a mais do que um período normal de vendas”, conta.
Desafios
Para Patricia Cotti, diretora executiva do IBEVAR, o ano de 2021 ainda traz muitos desafios. “Apesar do cenário mais positivo, comparativamente a 2020, em que não havia ainda um entendimento amplo das consequências da Covid-19 nas demandas e na vida das pessoas (e do varejo), a previsão para a época junina ainda é baixa para grande parte das categorias, haja vista a restrição ainda existente de eventos e festas de grande porte, geradores de grande parte das compras de abastecimento da data”, comenta. Segundo ela, o trabalho das categorias juninas base, entretanto, pode reverter em muita esta situação. “Daí a importância de se ter uma estratégia adequada de trade (on e offline)”, diz.
Ela ainda destaca que o consumidor está em busca de sensações de prazer e acolhimento dentro desta nova rotina criada, principalmente em épocas de temperatura baixa. “Trabalhar as sensações de calor, felicidade, prazer, e acolhimento trazidas pelas comidas juninas podem funcionar, e muito, para garantir os gatilhos de compra necessários para a conversão. A aposta nas práticas de “faça você mesmo”, com receitas caseiras, comidas típicas, kits e combos de produtos da época, brindes relacionados ao prazer destas festas, são apoios emocionais e viabilizadores das compras”, orienta Patrícia.
Ela ainda acrescenta que os supermercados devem investir estrategicamente em ilhas temáticas, peças de comunicação em loja e dentro dos sites, indicação de produtos correlacionados e até viabilização de receitas. “A criatividade, aqui, deve passar não só pela tradicional, relacionada a festa e ao calor da data, mas a possibilidade de viabilizar a festa “dentro de casa”, com seus familiares, com a elaboração de seus pratos favoritos e típicos de maneira fácil e ágil. Brinquedos e presentes de menor valor, para uma gincana caseira com os próprios filhos. O recado aqui é o “você pode””, orienta.
Categorias e exposição
O aumento no consumo de snacks e doces à base de amendoim também impulsiona as categorias de bebidas e vice-versa. Tiago Leal, gerente corporativo de marketing, inovação e varejo próprio da Santa Helena, alerta para o fato de que o comerciante deve estar atento às gôndolas para que o consumidor, no ponto de venda (PDV), não as encontre vazias. “O varejo possui muitas informações para auxiliar a decisão de compra, por exemplo, o que os compradores estão buscando e qual a melhor maneira de ofertar os produtos, principalmente nessa época de festas juninas. E a indústria possui muita informação do consumidor final, entendendo o que eles querem e quais serão as tendências. Assim, unindo forças, podemos oferecer o melhor do amendoim da melhor maneira possível”, comenta. Ele ainda afirma que no período de festas juninas, que compreende de maio a julho, a empresa prevê um aumento de 30% nas vendas.
De acordo com a General Mills/Yoki, nesse período é importante facilitar a navegação dos shoppers na loja, garantindo que as ilhas e exibições extras contenham os produtos mais procurados pelo consumidor no período. “As nossas ilhas de abastecimento e barracas juninas montadas no ponto de venda cumprem esse papel, garantindo que o shopper encontre uma grande variedade dos produtos que procura em apenas um ponto da loja com fácil acesso”, diz a General Mills em nota enviada à reportagem do portal NEWTRADE. A empresa ainda acrescenta que especificamente durante esse período festivo, também é interessante considerar regionalidade e sazonalidade. “
Aposta do PDV
A Rede Dalben Supermercados é um exemplo de PDV que investe em ações para atrair o cliente para a loja e estimular as vendas de muitas categorias. Com as festas juninas não é diferente.
Fernanda Dalben explica que a empresa está trabalhando ações de visual merchandising, reunindo itens de inverno junto com os juninos, pois isso acaba gerando um impulsionamento de vendas, além de terem implantado a campanha para destacar o Arraiá em Casa. “Na área promocional, por exemplo, vemos a mesa de festa junina mas também a mesa de feijoada e uma mesa com queijos e vinhos tudo no mesmo corredor, então muitas vezes a pessoa é atraída pelo itens de festa junina mas acaba levando outros produtos complementares. Além disso, fizemos alguns kits para venda de produtos da Yoki, patrocinadora da nossa campanha, onde temos um preço super atrativo para um mix grande de produtos. Isso também ajuda a alavancar essa categoria”, comenta.
Segundo Fernanda, a parceria com a indústria sempre traz resultados positivos. “A indústria tem muitos materiais de comunicação, quando falamos de festa junina, por exemplo, eles têm as barraquinhas que eles próprios montam, tem também ações de preço como o “compre e ganhe”. As indústrias oferecem o sellout, o que ajuda o varejo a vender e dá visibilidade para essa categoria”, afirma.
Importados
Outra empresa que também aposta nas vendas de festas juninas é a Casa Flora que traz uma seleção de produtos importados como vinhos, molhos, polenta, arroz e doces como goiabada além do amendoim da marca. A empresa destaca a origem portuguesa da festa que se popularizou no Brasil.