Essa dupla transformou um estoque encalhado em um negócio de R$ 24 milhões

0 433

Quer uma capinha?”, pergunta Marcelo Castro, fundador da I2GO em parceria com o amigo de infância Daniel Doho, fazendo piada com a primeira tentativa frustrada da dupla de realizar o sonho de montar um negócio próprio em parceria. Trocar o emprego formal e investir um bom dinheiro em algo aparentemente promissor –como a venda de capinhas de celulares importadas em meio ao boom dos smartphones, no início da década -e constatar, um ano depois, que ele não deslancharia, é um risco inerente ao empreendedorismo, como aprenderam a duras penas.

Mas, melhor do que assistir à derrocada do negócio foi agir rapidamente para reinventá-lo, e então descobrir que a nova ideia seria um sucesso bastante lucrativo. É este o caso da I2GO (uma combinação de “I”, de IPhone, e “2GO”, algo como “seguir em frente”, em inglês), empresa de acessórios para celulares como cabos, carregadores e baterias que, em menos de cinco anos, faturou R$ 24 milhões.

Eis o segredo do sucesso: esses acessórios, importados da China com certificação da Apple, podem ser encontrados em displays de acrílico dispostos em mais de 10 mil pontos de venda espalhados pelo Brasil, como lojas de conveniência de postos de gasolina, farmácias e livrarias. Há até vending machines da I2GO, em shoppings e outros varejistas.

De acordo com Castro, o modelo foi criado com base na premissa de que esse tipo de produto deveria estar disponível onde o consumidor mais precisasse, a caminho de uma viagem, rumo a uma reunião de negócios ou…até mesmo na padaria. “A bateria do celular acabou, ele está sem carregador… Mas quando vai abastecer, encontra o nosso display”, diz, lembrando que a expectativa é fechar 2017 com 15 mil pontos de venda, e faturamento batendo na casa dos R$ 40 milhões.

Para dar conta do reabastecimento dos displays, com kit vendido a R$ 1 mil para os lojistas, a I2GO possui um estoque central em Jandira, no interior paulista, e outros nove, de menor porte, em vários cantos do Brasil. “Temos vendedores que tomam conta dos clientes de cada região”, afirma.

Negócio da China?

Mas até chegar ao sucesso com a I2GO, foi preciso que Marcelo, engenheiro diplomado pela universidade de Michigan, e Daniel, oriundo do mercado financeiro, aprendessem com os erros para dar uma reviravolta nos negócios. A primeira tentativa frustrada de empreender nasceu da importação de US$ 100 mil em capinhas de celulares de uma famosa marca japonesa de acessórios de tecnologia.

Para vendê-las, abriram quiosques em shoppings de São Paulo, no Guarujá, um e-commerce e… voilà: o sonho de empreender tinha se realizado. Só que não: por serem produtos com “prazo de validade”, ou seja, que mudavam a cada modelo lançado, os amigos concluíram que a ideia não era tão boa. A empreitada, que começou em 2012, durou cerca de um ano. “Como é um produto que tem que girar rápido, começamos a ficar estocados”, conta. “Então bateu um desespero, porque estoque parado é o mesmo que perder dinheiro.”

O resultado é aquele que já se esperava: capinhas e mais capinhas encalhadas na sede da empresa –o que explica o humor de Marcelo relatado no início desta reportagem. “Temos capinhas para o Samsung S3, mas ele já está no modelo S8. Não poderia dar certo, mesmo”, diverte-se. “Sabíamos que havia risco, mas nosso erro foi basear um plano de negócios em um resultado muito superior ao realizado”, diz.

Mas, quem tem o empreendedorismo na veia não desiste: em vez de gastar tempo reavaliando como vender o estoque velho, os dois sócios decidiram explorar novas frentes – no caso, a venda de acessórios realmente essenciais, como os a que I2GO vende hoje. Também pesquisaram o mercado americano, de onde trouxeram a ideia do modelo de display.

Hoje, a I2GO emprega mais de uma centena de funcionários, além de onze colaboradores de um escritório na China, que ajudam a desenvolver e testar o padrão de qualidade dos produtos. A qualidade, aliás, é um dos quesitos essenciais no negócio da empresa, cujos produtos têm certificações internacionais, como o CE (espécie de Inmetro da Europa), FCC (dos EUA), ROHS (internacional de meio ambiente) e da própria Apple. “O importante é isso: se a gente se esforça para que o nosso cliente abra a carteira, queremos que ele se sinta 100% satisfeito”, afirma Marcelo. Vai uma capinha aí?

 

Fonte Diário do Comércio
Notícias Relacionadas
Deixe um comentário

Seu endereço de email não será publicado.