Marcas de produtos congelados mudam mix

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Diante de um consumidor mais retraído, as fabricantes de alimentos congelados ajustam suas estratégias. As medidas incluem mudanças no portfólio, embalagens maiores – e mais econômicas – e controle de custos para segurar preços.

O setor, que vinha apresentando crescimento de dois dígitos no mercado brasileiro nos últimos anos, enfrenta desaceleração. Dados da empresa de pesquisas Kantar WorldPanel mostram que as vendas da categoria aumentaram 5,4% em volume e 7,9% em valor nos 12 meses encerrados em agosto. Considerando apenas os oito primeiros meses deste ano, o avanço em volume foi de apenas 1,8% e alta de valor, de 3,8%, na comparação com igual período de 2014.

Apesar do ritmo menor, Daniela Rossi, gerente de contas da Kantar, afirma que a categoria de congelados deve crescer acima do setor de alimentos como um todo. Essa expansão deve ficar polarizada entre os itens mais baratos, como hambúrgueres e ‘steaks’, usados para acompanhar as refeições principais, ou itens de alto valor, como tortas, lanches prontos e pizzas, que atendem a uma demanda por praticidade e conveniência. Além disso, com a crise, parte do consumo de alimentos em restaurantes está migrando para dentro das casas – o que contribui para segurar as vendas do setor.

A Forno de Minas criou embalagens de um quilo ao notar que a frequência de compras nos supermercados está diminuindo. O preço do pacote é 5% inferior, proporcionalmente, ao de 400 gramas e há incremento no tíquete médio e na margem do varejista. No primeiro semestre, o lucro líquido da companhia quase triplicou, para R$ 7,2 milhões. O crescimento veio com aumento de 16,5% das receitas e controle de custos.

Vicente Camiloti, diretor comercial da Forno de Minas, acredita que os consumidores que atingiram um melhor patamar de consumo nos últimos anos, com acesso a itens de maior valor agregado, tentarão manter o padrão conquistado mesmo num ambiente econômico recessivo. Do total de compradores de produtos congelados, 73% são mulheres, que buscam conveniência na dupla jornada, destaca.

A mineira Pif Paf também fez mudanças no portfólio. Investiu R$ 2 milhões nas marcas Pif Paf Premium (de pães de queijo e biscoitos), Ladelli (estreou com mini churros) e PescaNobre (pescados), de maior valor agregado, lançadas em outubro. A companhia espera um acréscimo de 5% no volume de negócios por conta dos lançamentos.

Luiz Carlos Mendes Costa, diretor-superintendente da Pif Paf, diz que a empresa tenta manter a receita ao menos em linha com 2014, quando somou R$ 1,7 bilhão, alta de 14%. A companhia melhora o mix para justificar aumentos de preços, mas diz ser difícil compensar integralmente a alta de custo de matérias-primas e gastos como água e energia.

A BRF é líder em comida congelada processada no país, com quase 47% de participação de mercado, de acordo com dados de 2014 da empresa de pesquisas Euromonitor International. A JBS tem uma fatia de 7% e é seguida pela Forno de Minas, entre as maiores da categoria.

Gilberto Tomazoni, presidente da JBS Foods, disse em teleconferência em novembro que a empresa partiu para o aumento da eficiência operacional e melhora do mix para contingenciar o aumento de custos com grãos, comprados em dólares. A companhia não conseguiu fazer aumentos de preços como gostaria por conta da forte concorrência. “Não estamos no mercado sozinhos.”

Fonte: Valor

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