Nubank é avaliado 40% abaixo do valor de estreia na Nyse.

Alta de juros no país, fim do lock-up e remuneração de executivos preocupam investidores

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O Nubank bateu o piso histórico da ação no pregão desta terça-feira, dia 5. Há pouco, a ação do Nu Holding era negociada a US$ 5,33, o equivalente a um tombo de 10,5% só hoje. Com isso, o banco está avaliado em US$ 24,5 bilhões – 40% abaixo dos US$ 41 bilhões de valor na estreia na Nyse.

O contexto em torno da instituição é desafiador, devido à alta na taxa de juros. Os bancões tradicionais, os pais do super spread bancário brasileiro, também sentem em períodos de alta do CDI, mas sabem navegar essas águas como ninguém. A brincadeira no setor financeiro sempre foi que não há tempo feio para banco: com juros altos, o lucro vem do spread, e com juros baixos, da expansão da carteira de crédito.

Enquanto o setor financeiro tradicional conhece muito bem o mercado em períodos de Selic nas alturas, para as fintechs, em especial as que atuam no segmento de crédito sem garantia (como crédito pessoal), o cenário é delicado — para não dizer, adverso. O Brasil passou de uma taxa básica 2% ao ano — que perdurou entre agosto de 2020 e março de 2021 — para os atuais 11,75%. Matemática que até criança entende: em 14 meses, o dinheiro ficou 6 vezes mais caro.

Não por acaso, não é só o Nubank que tem sofrido. Banco Pan e Banco Inter também vivem dias de tormenta na bolsa, avaliados em R$ 10 bilhões e R$ 12,5 bilhões, respectivamente. Ambos com proposta de banco digital, com crédito voltado à pessoa física. A ação do Pan, que já esteve perto de R$ 25, negocia agora em torno de R$ 8,50, e as units do Inter saíram da casa dos R$ 80 para menos de R$ 15. As máximas de ambos foram alcançadas entre os meses de abril e agosto do ano passado. Foi nessa época que as expectativas para a oferta pública inicial do Nubank falavam de uma avaliação entre US$ 70 bilhões e US$ 100 bilhões. A mudança de humor com esses negócios, portanto, foi tão brusca quanto a da política monetária do Brasil.

A despeito do cenário complexo, o Nubank traz temperos extras ao feijão com arroz do setor. Os investidores começam a temer o fim do lockup, a partir de 7 junho, sobre os acionistas pré-IPO da instituição.

Para completar, na semana passada, a notícia mais comentada do mercado foi o pacote de remuneração aprovado para 2022, superior a R$ 800 milhões. Desse total, mais de R$ 679 milhões são de um pacote específico fechado com o fundador David Vélez. Entretanto, para que o empreendedor receba esses valores parcial ou integralmente, as ações teriam de ultrapassar US$ 18,69 e US$ 35,30 no pregão nova-iorquino.

Na semana passada, o Itaú reduziu o preço-alvo para as ações do NU Holding, de US$ 7 para US$ 6,60, com um ajuste sutil de piora na perspectiva. O entendimento é que a deterioração da carteira de crédito está mais veloz do que o anteriormente estimado. A recomendação para os papéis seguiu como “venda”.

Falando em Itaú, muito se falou no IPO do Nubank que ele chegava ao mercado valendo o mesmo que a maior instituição privada brasileira. Só por curiosidade, o Itaú vale agora mais de US$ 47 bilhões, quase dois Nubank de hoje.

Após a publicação do registro da mínima histórica, o Nubank encaminhou um comentário ao EXAME IN: “Nosso foco é impulsionar o crescimento de longo prazo e gerar valor para nossos acionistas e clientes. Da mesma forma, sempre reiteramos nossa posição de buscar o longo prazo e a qualidade de investidores que estejam alinhados à nossa visão estratégica para o negócio”.

Fonte Exame
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