Em nova tendência, empresas incentivam a troca de carros por bicicletas

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Uma simples mudança na rotina de Rebeca Garcia derrubou o tempo de deslocamento até o trabalho para menos da metade. Antes, de carro, ela levava cerca de 35 minutos para ir ao escritório. Ao passar a usar a bicicleta como meio de transporte, esse tempo caiu para cerca de 15 minutos. Rebeca é gerente de políticas públicas do Facebook no Brasil. A sede da empresa fica no Itaim Bibi, região de São Paulo que tem servido como palco para testes com novas ideias e formas de mobilidade urbana. É difícil andar pelos quarteirões do bairro sem se deparar com bicicletas compartilhadas e patinetes elétricos.

Além da economia de tempo, Rebeca viu outros benefícios ao abraçar a bicicleta como meio de locomoção. Um deles é a melhora no relacionamento com colegas de trabalho. “A empresa é grande, então existem pessoas que geralmente não trabalhariam juntas, mas acabam unidas por esse interesse em comum”, conta a Época NEGÓCIOS.

O novo estilo de vida (ou de locomoção) tem ganhado força com a busca por soluções de transporte que desafoguem o caótico tráfego de carros e ônibus nos centros urbanos. E essa mudança tem apoio no mundo corporativo, que beneficia funcionários na busca por uma vida mais saudável e ativa. O empregador de Rebeca é um desses exemplo. O Facebook, afirma a empresa, “incentiva que funcionários se desloquem até o trabalho da forma mais eficiente e conveniente em todo o mundo”. Em sua sede brasileira, a empresa disponibiliza reembolso para aluguel de bicicletas, além de vestiários com armários, chuveiros, toalhas e até secadores de cabelo.

A bike é uma realidade na Bayer. A empresa bancou uma ponte exclusiva para pedestres e ciclistas que interliga a estação de metrô mais próxima, Santo Amaro, à companhia. Oportunidade para exercitar as pernas não falta para os colaboradores. Além de beneficiar os funcionários, a estrutura também é uma solução viável para moradores de uma comunidade local, que podem ter acesso facilitado à estação de metrô. “A adesão da comunidade é o que mais nos favorece. Os moradores cuidam e têm um carinho especial pela ponte. Não há vandalismo, apenas respeito”, diz o gerente de engenharia da Bayer, Luis Laurini.

Além do caminho para o trabalho, a empresa tem depositado suas fichas no uso de bicicletas dentro do espaço corporativo. Deslocar-se para reuniões fica mais fácil com uma das 60 bicicletas apelidadas de “Baybike”. Uma ciclovia também encoraja os funcionários a pedalar entre os 30 prédios da sede. São 700 metros de pista e 6 diferentes estações, com armários e equipamentos de segurança distribuídos entre os principais pontos de encontro da empresa. “O fluxo de bicicletas é intenso e dura o dia todo. Vai do café da manhã até o final de expediente”, diz Luciano Muller, diretor de General Services da Bayer.

“Quando a empresa dá condições para o funcionário abrir mão do carro – seja por economia ou para contribuir com o meio ambiente – isso é motivador”, diz Jean Zonato, diretor de Crop & Portfolio Marketing Fungicida. “A possibilidade de usar bicicleta aqui dentro foi motivador para pessoas utilizarem a bicicleta como meio para chegar até aqui. Faço isso há anos e percebi o número de bicicletas aumentando.”

Outra grande empresa (no sentido literal da palavra) que usa bikes como solução de deslocamento interno é o Itaú Unibanco. Pioneiro na distribuição de bicicletas com a popular Bike Itaú, o banco permite que funcionários usem as bikes para locomoção na sede na capital paulista. O banco disponibiliza bicicletários, manutenções, ciclovia interna e vestiários. “Tudo surgiu após uma pesquisa para entender as necessidades dos funcionários. Reformamos o vestiário, colocamos de secador de cabelo a ferro de passar roupa e instalamos cancelas específicas para bikes no estacionamento do prédio”, conta Luciana Nicola, responsável pelo tema mobilidade do Itaú Unibanco.

As laranjinhas vieram depois. Com uma estrutura que inclui 5 diferentes prédios conectados por um estacionamento em comum, a empresa enxergou a oportunidade imergir as conhecidas bikes para sua cultura corporativa. “Percebemos que os funcionários acessavam as torres com seus próprios carros por meio do estacionamento. Decidimos trazer uma solução mais viável e saudável”, conta Nicola.

Bom para a saúde

A oportunidade de transformar o caminho de casa até o trabalho em atividade física é atraente para quem tem pouco tempo para se dedicar a isso. Mas é preciso estrutura para que ninguém vá para a mesa coberto de suor nos dias mais quentes. A sede do banco Santander em São Paulo conta com vestiários, chuveiros e armários, além de um bicicletário com uma equipe de segurança à disposição. Funcionários de qualquer cargo podem optar em ir de bike e terão acesso a uma infraestrutura preparada para tal. Até mesmo tomar um banho antes do início do expediente.

“Entendemos isso como um estímulo são só pela questão de mobilidade, mas também pelo bem-estar que pode provocar”, diz a gerente de gestão integrada da saúde do Santander, a médica Jeisiane Soares Ramanzini. “Temos visto que as pessoas no banco estão entendendo e se posicionando em relação à própria saúde com soluções que fazem sentido para elas.” Para a médica, a atividade física é um dos motores para a redução nos custos de saúde dos funcionários, ao mesmo tempo que gera aumento na produtividade e no bem-estar no ambiente de trabalho.

Uma proposta diferente vem da desenvolvedora de software para empresas Salesforce, que subsidisia custos para que funcionários adotem hábitos mais saudáveis. A empresa oferece um benefício mensal de até R$ 350 para gasto em “bem-estar social”. Entre as categorias, está o uso de bicicletas convencionais e até mesmo as elétricas. “Nossa meta é que 100% do nosso time use esse recurso. E nossas estatísticas mostram que estamos perto disso”, explica Daniel Hoe, diretor de marketing da Salesforce para América Latina. Hoe explica que o retorno para a empresa tem a ver com a responsabilidade social: “há o retorno da produtividade, bem-estar e saber que o funcionário mais saudável produz mais. Mas acima disso, está o fato de sabermos que estamos fazendo a coisa certa”.

Fonte Época Negócios
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