Produtos de países vizinhos abrem mercado no Brasil

Primeiro, vieram os alfajores Havanna. Depois, os sorvetes de doce de leite Freddo. Duas das principais marcas argentinas planejam até 50 novos espaços no Brasil neste ano e investimentos, somados, de R$ 13 milhões. Movimento que, segundo economistas e especialistas em comércio exterior, será ampliado com as mudanças promovidas por Mauricio Macri, que assumiu a Presidência argentina no fim de 2015 e derrubou as alíquotas de exportação de boa parte dos produtos. Na última semana, o governo Macri chegou a um acordo com os “fundos abutres”, que haviam rejeitado propostas anteriores de reestruturação de dívida. Isso pode ajudar a Argentina a voltar ao mercado de crédito internacional, e as empresas terão acesso a dinheiro mais barato no exterior.

Nas principais redes de varejo brasileiras, essas mudanças já se refletem em maior oferta de itens. É o caso das famosas carnes argentinas, como a picanha e o bife de chorizo. Nelson Raymundi Filho, gerente geral comercial do Grupo Pão de Açúcar, conta que no fim de 2015 voltou a importar carnes.”Fizemos visitas a frigoríficos argentinos e retomamos as parcerias. Com a mudança de governo, houve equalização do câmbio, o que facilita a compra dos produtos de lá. E o governo criou incentivos aos frigoríficos locais, que os repassaram”, disse

A competitividade é citada por Alex Ribeiro, diretor comercial do Prezunic, do grupo chileno Cencosud. Somente neste ano, a rede vai mais que dobrar a quantidade de itens argentinos nas gôndolas, com a chegada de cinquenta produtos. A lista é diversa: doce de leite Vacalin, alfajor, queijos, peixes e carnes.”Os produtos argentinos estão competitivos em relação aos brasileiros e europeus. Na Argentina, a cadeia de custo é menor, seja na carga tributária ou nos impostos trabalhistas”, diz Ribeiro.

Segundo Leonardo Paz Neves, professor de Relações Internacionais do Ibmec/RJ e coordenador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, a expectativa é de aumento da venda de grãos e itens manufaturados.” Macri derrubou as barreiras tarifárias e, agora, as empresas poderão acessar recursos externos, aumentando sua competitividade. Enquanto o Brasil se enfraquece, a Argentina tende a se fortalecer no comércio exterior”, informou.

No caso dos vinhos, mesmo com o aumento da carga tributária no Brasil, Jones Valduga, diretor da Domino Importação, conseguiu ampliar o limite do prazo de pagamento, de 75 para 105 dias. Com isso, diz, pôde gerir melhor o fluxo de caixa. “Consigo importar mais. A previsão é de crescimento de 15% este ano com novos rótulos”, anuncia.

A Havanna pretende chegar a 320 lojas no Brasil em cinco anos — das quais 40 em 2016 —, superando as 200 na Argentina, ressalta Bruna Guimarães, gerente de Franquia da empresa. Este ano, espera-se alta de 37% no faturamento, que em 2015 foi de R$ 55 milhões.

A Freddo, fundada em 1969, quer abrir de cinco a dez unidades no Brasil neste ano. Em 2015, foram cinco. A empresa quer chegar entre 40 e 45 lojas neste ano.

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