Perdas caem 1,33% no varejo brasileiro; supermercados respondem pelos maiores índices

A 4ª Pesquisa Abrappe de Perdas no Varejo Brasileiro, realizada em parceria com a consultoria EY, aponta queda no índice de 1,36% (2019) para 1,33% (2020). No segundo ano de pandemia, a expectativa que o setor tinha no ano passado de que os cuidados para contenção do vírus também impactariam o varejo se confirmaram e o índice caiu, entre outros fatores, devido ao aumento das vendas e a diminuição de furtos em loja. Em valores reais, o varejo brasileiro perdeu R$ 23,26 bilhões no ano passado.

A pesquisa de perdas de 2020 mostra um cenário positivo mesmo em meio a tantas dificuldades. “Vimos a redução do índice médio de perdas do varejo de 1,36% em 2019 para 1,33% em 2020. Mesmo em um ano com tantos desafios operacionais o varejo cresceu 6% em faturamento, segundo o IBGE, o que certamente colaborou para a redução desse índice. Mas nós que estamos no dia a dia da perda sabemos que sem um trabalho com análise dos resultados e agilidade nas ações de prevenção não teríamos conseguido resultados positivos”, explica Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe.

Com a pandemia, foi possível observar impactos diferentes nos segmentos de serviços essenciais e não essenciais em razão das lojas permanecerem ou não abertas. Em geral, os furtos tiveram uma redução significativa nas lojas, pois o controle de fluxo dos clientes em razão da redução imposta pelas restrições municipais permitiram melhor controle da equipe de prevenção de perdas interna das empresas.

“Por outro lado, quando analisamos produtos perecíveis ou com datas de validade, alguns formatos de supermercados e drogarias tiveram resultado inverso, isso é, tivemos um aumento das chamadas perdas conhecidas que acabam por contribuir para o aumento do desperdício de alimentos nos supermercdos e produtos com datas vencidas nas drogarias”, comenta o executivo.

Maiores índices de perda – Embora a diferença entre 2019 e 2020 tenha sido pequena, alguns setores do varejo tiveram uma variação maior. Perfumarias (2,04% de perda total), drogarias (1,08%) e lar e construção (1,04%) foram os setores que tiveram as maiores altas, excluindo os formatos de supermercados, que tradicionalmente apresentam as maiores diferenças.

Menores índices de perda

Na contrapartida, a pesquisa mostra que os setores de magazine regional (0,66% de perda total) e eletro/móveis (0,11%) possuem os menores índices de perdas. Esses setores, embora possuam algumas categorias que geram a oportunidade de furtos (celulares e jeans), contam com um modelo de atendimento assistido que intimida a prática de delitos nas lojas.

Perfumaria

Com uma das maiores variações da pesquisa, o segmento vê o índice de perda crescer pelo terceiro ano consecutivo (1,92% em 2018 e 1,99% em 2019 e 2,04% em 2020). “Geralmente, o setor de perfumaria é um dos mais afetados por práticas criminosas dado o apelo dos produtos bastante cobiçados, como perfumes e maquiagens, entre outros. O segmento precisa investir mais em boas práticas de prevenção de perdas”, avalia o presidente da Abrappe.

Drogarias

Segundo a pesquisa, esses estabelecimentos tiveram comportamento diferente de acordo com sua localização. Lojas de rua em geral não tiveram redução significativa do fluxo de clientes, já as de shopping foram bastante impactadas. O comportamento do consumidor também teve impacto. Vitaminas, produtos e medicamentos relacionados ao covid-19 tiveram performance bastante significativas. Em geral, o vencimento de produtos continua sendo o grande vilão do setor, sendo a causa responsável por mais de 80% das quebras operacionais

Supermercados

Na comparação dos 15 setores pesquisados, temos quatro formatos de supermercados (hipermercado, convencionais, vizinhança e conveniência) que são responsáveis pelos maiores índices de perdas do varejo brasileiro. Entre eles, o que apresentou a maior porcentagem de perda foi o de hipermercados, com 2,52%, seguido de perto pelas lojas convencionais com 2,10% de perda total e as lojas de vizinhança, os chamados mercados de bairro, que apresentaram índice de 1,89%. Os segmentos também lideram o ranking geral.

De acordo com o presidente da Abrappe, os supermercados em geral tiveram redução de perdas em todos os seus formatos, exceto os hipermercados. Fazendo uma análise através da divisão clássica entre perdas conhecidas (produtos sem condições de venda) e perdas não identificadas (furtos) tivemos comportamentos diferentes entre os formatos.

“Todos tiveram redução das perdas não identificadas (furtos) em virtude da redução do fluxo de clientes e maior controle pelo time de prevenção de perdas e pelo aumento das vendas. Já nas perdas identificadas (quebras e produtos sem condições de venda) podemos notar um aumento das quebras nos formatos de hipermercados, supermercados convencionais e de vizinhança. Já os formatos conveniência e atacado mostraram uma redução nas perdas”, explica Santos.

Materiais de Construção

Esse setor também teve um crescimento médio de 11% em 2020 em comparação a 2019. A pandemia também modificou o comportamento do consumidor. Com o home office, despertou-se o interesse em pequenas manutenções nas residências, gerando o crescimento de vendas de pisos, revestimentos, esquadrias e tintas. Nas lojas, reduziu-se o interesse pelo autosserviço, como utilidades domésticas, embora algumas empresas que trabalhem fortemente esse setor podem ter tido uma realidade diferente. Nesse segmento também foram percebidas a redução de fluxo, maior venda em e-commerce e maior tíquete-médio.

E-commerce

O e-commerce ainda se mostra tímido, embora setores como eletromóveis e magazines nacionais, esportes e perfumarias tenham se destacado em vendas. A preocupação continua com a acurácia de estoque, pois é a premissa básica para o sucesso “ship from store” e para a redução dos cancelamentos de vendas pela indisponibilidade dos produtos. Em média, 4% das vendas foram canceladas nos supermercados pela falta dos produtos em 2020. “O setor precisa implementar controles de medição de perdas para atingirmos um número mais maduro na próxima pesquisa”, comenta o executivo.

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