GPA começa a vender serviços de logística para lojistas

O GPA, dono dos supermercados Pão de Açúcar e do hipermercado Extra, começa a vender serviços logísticos, ampliando a lista de redes que passaram a usar suas estruturas de entrega e armazenagem para gerar nova receita. São passos iniciais dentro do “fulfillment”, o conjunto de serviços para a venda digital, e que deve ganhar peso maior no grupo em 2022.

Há algumas semanas, o GPA passou a fazer coleta de produtos dos lojistas de seu “marketplace” (shopping virtual) e oferecer aos vendedores os preços das tabelas negociadas com os Correios.

Em 2022 deve avançar em duas etapas cruciais, com efeito na disputa por esse mercado de serviços aos lojistas. São elas, a armazenagem dos produtos dos vendedores em seus centros de distribuição e o uso das 870 lojas do grupo como ponto de coleta e envio de mercadorias dos lojistas. O concorrente Carrefour não oferece essas duas possibilidades, mas outras plataformas avançam no setor.

O Mercado Livre usa seus centros como área de armazenagem ao varejo alimentar. Magazine Luiza coleta e entrega itens de supermercados de lojistas e armazena seus próprios produtos em suas lojas. Essa estratégia é fundamental para tornar a entrega mais ágil. Quanto menor o prazo de entrega, mais vendas: a queda no prazo pela metade, de 4 dias para dois dias, por exemplo, faz a conversão de tráfego em venda subir 40%, mostram pesquisas de marketplaces obtidas pelo Valor.

O GPA criou a GPA Log, oferecendo, inicialmente, dois serviços para os parceiros: o de coleta e entrega, por meio de sua logística própria, e o de postagem, pelos Correios. “Reduzimos em mais de um dia esse prazo desde o começo das atividades, 45 dias atrás. A entrega do Rio para São Paulo está em três dias, mas queremos ir para o ‘same day’ [entrega em 24 horas] quando avançarmos para as outras etapas do plano, como com a armazenagem nos nossos centros”, diz Marcelo Arantes, diretor executivo de logística do GPA.

Arantes diz que a empresa está estudando ainda como fazer o envio em até uma hora, usando os produtos das lojas. “O difícil neste caso nem é a logística, mas a separação. Imagine ter que fazer a compra em 15 minutos, que é o tempo máximo para uma venda com prazo prometido de uma hora”.

O executivo diz, que nesse cenário de competição na vendas de alimentos pela internet, entre empresas de diferentes setores, o fato de o GPA estar atrasado frente aos grandes marketplaces ajuda a empresa a aprender com erros alheios. O GPA, diz, tem a vantagem de ser uma referência no segmento. “A venda de alimento é muito mais complexa do que qualquer outra. A forma de acondicionar o produto pode fazer a empresa perder o cliente”, diz. “ Você não vai listar 50, 60 produtos em vários lugares. Você vai aonde já tem experiência positiva, num local onde vai encontrar mais itens da lista”.

O GPA estuda a possibilidade de dar gratuidade aos lojistas, por tempo determinado, no serviço de armazenagem nos centros, após iniciar esse projeto no ano que vem. Marketplaces cobram taxas de comissão sobre venda pelos serviços. O executivo disse que pretende ter, em todas as lojas, produtos para a entrega on-line. Há redes que não usam todas as lojas porque torna a gestão mais complexa – os caminhões têm que passar retirando pedidos em muitos pontos de forma “picada”. “Esse argumento não faz sentido. Quem mora perto de uma determinada loja será abastecido mais rapidamente se o pedido sair de lá. Nós nos guiamos por isso”. Essa operação é paralela à venda de produtos do GPA por aplicativos como Mercado Livre, Rappi, iFood e Americanas.

No GPA, a venda on-line atingiu R$ 428 milhões de abril a junho, alta de 32% sobre 2020. No Carrefour, subiu 16% sobre 2020, para R$ 244 milhões.

 

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