Shefa entra com pedido de recuperação judicial

Com endividamento de cerca de R$ 222 milhões, a Agropecuária Tuiuti S/A, dona da marca de leite Shefa, pediu recuperação judicial no dia 24 de janeiro passado. No dia 31, o juiz Fernando Leonardi Campanella, da 1ª Vara do Foro de Amparo (SP), aceitou o início do processo de recuperação e nomeou como administrador judicial a Brasil Trustee Assessoria e Consultoria.

A empresa, com sede em Amparo, afirma, no pedido de recuperação judicial, que os fatores que a levaram à crise financeira foram as “políticas públicas de aumento de impostos para os produtos e vedação de compensações de credito tributário e restituições”, desvalorização do real em relação ao dólar, crise econômica do país, inadimplência de “alguns de seus principais clientes” e restrição do crédito pelas “instituições financeiras em virtude da situação econômica e política do País”.

Segundo a Shefa, que já foi um dos laticínios mais importantes do Estado de São Paulo, esse cenário levou a uma redução de sua produção e à “queda abrupta” do faturamento. O laticínio, que produz leite longa vida com sua marca e também para terceiros, faturou R$ 548,2 milhões em 2014. No ano seguinte, sua receita caiu para R$ 414,7 milhões e em 2016, para R$ 269,4 milhões. Entre 2014 e 2016, o volume de produção recuou de 327,8 milhões de litros para 189 milhões de litros, informa a empresa no pedido de recuperação judicial. O número de funcionários caiu de 701 em 2014 para 404 em dezembro passado.

Na petição, a Shefa alega que a falta de capital de giro a obrigou a contratar empréstimos e renovações de mútuos, o que comprometeu ainda mais suas finanças, elevando o endividamento. Afirma também que os credores, principalmente os bancos, cortaram as linhas de crédito e passaram a exigir os pagamentos das parcelas em aberto, o que gerou “descapitalização”.

Além das dívidas de R$ 222,5 milhões, a empresa tem despesas financeiras que chegam a R$ 45 milhões entre janeiro e dezembro do ano passado, segundo o processo. Entre os principais credores da Shefa estão o Banco do Brasil (cerca de R$ 51 milhões) e a BS Factoring (cerca de R$ 82 milhões). As dívidas com garantia real somam aproximadamente R$ 66,6 milhões e as sem garantia (quirografários), cerca de R$ 148 milhões.

Segundo Fernando Pompeu Luccas, da Brasil Trustee, agora a Shefa tem 60 dias para apresentar seu plano de recuperação judicial. Caso algum credor faça objeções ao plano proposto, será convocada assembleia de credores.

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