Kalunga desacelera, mas ainda cresce 11%

A crise econômica levou a rede varejista Kalunga, principal vendedora de papelaria e material de escritório do país, fazer duas mudanças em seus planos. A primeira foi adiar um sonho antigo: chegar a uma receita de R$ 2 bilhões. Com o cenário pior que o esperado, a companhia revisou para baixo sua meta de vendas, passando de R$ 2,02 bilhões para R$ 1,95 bilhão – crescimento de 11%, em relação a 2014. Os R$ 2 bilhões, só em 2016.

A outra mudança aconteceu no plano de abertura de lojas que vem sendo executado desde 2010. De 20 novas unidades nos últimos anos, o ritmo caiu para 12 em 2015. Para 2016, a meta é atingir 15. “Seguramos a volúpia de expansão. Mas muitos dos contratos são resultado de acordos assinados com administradoras de shoppings que foram assinados há dois ou três anos, não temos como voltar atrás”, disse Roberto Garcia, filho do cofundador da companhia, Damião Garcia, que divide o comando das operações e o controle acionário com o irmão, Paulo.

Apesar do ritmo mais lento, a rede ainda mantém a meta de chegar a 250 lojas. Hoje são 143. A expectativa é que a marca seja atingida até 2021. As lojas físicas continuam a ser uma peça importante da estratégia, mesmo com o avanço dos canais eletrônicos – o site e as vendas pelo telefone representam metade das vendas. “São complementares. A loja ajuda a reforçar a marca, a dar credibilidade”, disse Garcia. O executivo cita como exemplo a loja aberta na cidade de Vila Velha (ES) em setembro do ano passado, que elevou em 50% as vendas do site no Estado.

Em termos de rentabilidade, Garcia disse que a varejista tem sofrido um pouco por conta da necessidade de segurar parte da variação do dólar, mas que, por outro lado, a companhia está apertando o cinto. As contratações estão congeladas e contratos de aluguel de lojas que estão vendendo menos estão sendo renegociados. Um dos centros de distribuição ganhará um novo endereço, de mesmo tamanho, mas com aluguel mais baixo. No orçamento de 2016, já foram cortados quase R$ 20 milhões. “Temos uma gestão bastante espartana, mas estamos aumentado a lupa”, disse.

Na avaliação de Garcia, a crise pela qual o Brasil passa pode se resolver até 2017, caso o governo tome as medidas necessárias para reduzir as incertezas. “Há uma crise econômica, mas ela é agravada pelo psicológico e pela crise política”, disse. Para o executivo, uma das medidas seria efetivar possíveis aumentos de impostos logo. “Caso contrário [a incerteza] não vai ter fim”, disse. O executivo destacou, no entanto, que a iniciativa deve ser acompanhada de redução dos gastos públicos e reformas.

Até agora, não foram feitas nem estão previstas demissões na Kalunga. A avaliação é que o número de funcionários aumentará por conta das lojas que serão abertas. Atualmente, a empresa tem 3,5 mil empregados. Cada nova loja emprega 20 pessoas. Além dos pontos de venda e do site, a companhia também é dona da Ka Solution, de serviços na área de tecnologia e da Spiral, fabricante de material de escritório. As duas representam cerca de 4% da receita da Kalunga.

Fonte: Valor

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