Copom corta  juros e Selic cai para 6,75% ao ano

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Seguindo a ampla expectativa do mercado, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu, em reunião encerrada na quarta-feira (7), cortar a taxa básica de juros em 25 pontos-base, para 6,75% ao ano – renovando o menor nível da história atingido na última reunião. Esta foi a décima primeira redução na Selic desde que Ilan Goldfajn assumiu a presidência do Banco Central.

Os analistas que projetavam o corte justificavam o movimento por conta da comunicação do BC e também no quadro inflacionário favorável. Apesar da perspectiva de avanço do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), as expectativas indicam que o dado deve fechar 2018 abaixo do centro da meta de 4,5%. Além disso, eles consideram que a ociosidade da atividade ainda é elevada, o que não comprometeria a inflação.

A principal questão para os analistas fica para um possível fim do ciclo de cortes da Selic a partir de agora. No comunicado desta quarta, o Copom afirmou que “caso o cenário básico evolua conforme esperado, o Comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”.

Apesar disso, o Banco Central não quis cravar o fim dos cortes: “essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar a uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos”, diz o documento.

Confira o comunicado na íntegra:

O Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 6,75% a.a. A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

  • O conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde a última reunião do Copom mostra recuperação consistente da economia brasileira;
  • O cenário externo tem se mostrado favorável, na medida em que a atividade econômica cresce globalmente. Isso tem contribuído até o momento para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes, apesar da volatilidade recente das condições financeiras nas economias avançadas;
  • O Comitê julga que o cenário básico para a inflação tem evoluído, em boa medida, conforme o esperado. O comportamento da inflação permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis confortáveis ou baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária;
  • As expectativas de inflação para 2018 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,9%. As projeções para 2019 e 2020 mantiveram-se em torno de 4,25% e 4,0%, respectivamente; e
  • No cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom situam-se em torno de 4,2% para 2018 e 2019. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2018 em 6,75% e 2019 em 8,0%.

O Comitê ressalta que seu cenário básico para a inflação envolve fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, a combinação de (i) possíveis efeitos secundários do choque favorável nos preços de alimentos e da inflação de bens industriais em níveis correntes baixos e da (ii) possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, (iii) uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária. Esse risco se intensifica no caso de (iv) reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 6,75% a.a. O Comitê entende que esse movimento é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2018 e, com peso menor e gradualmente crescente, de 2019.

O Copom entende que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural. O Comitê enfatiza que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira contribui para a queda da sua taxa de juros estrutural. As estimativas dessa taxa serão continuamente reavaliadas pelo Comitê.

A evolução do cenário básico, em linha com o esperado, e o estágio do ciclo de flexibilização tornaram adequada a redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual nesta reunião. Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, o Comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária. Essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar a uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos. O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.

Fonte InfoMoney
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