Consumidor busca ‘mercadinho’ na pandemia e Grupo Martins dá salto

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O negócio bilionário do empresário mineiro Alair Martins deve fechar o ano com um salto histórico no faturamento. Sua principal empresa, a Martins Comércio e Serviços de Distribuição – que vende e entrega produtos para pequenos e médios varejistas Brasil afora – se viu, de um mês para outro, sem caminhões o suficiente levar mercadorias, tamanho o aumento da demanda pelo Brasil. Foi preciso recorrer a uma frota de terceiros para, emergencialmente, engordar a frota própria de cerca de 900 veículos. Tudo isso, num ano de pandemia e de retração econômica.

No primeiro e no segundo trimestres deste ano, a receita cresceu ao redor de 40%, na comparação com os mesmos trimestres de 2019, segundo disse ao Valor o presidente da companhia, Flávio Martins.

Ele não revela o valor das vendas, mas afirma que a receita bruta deve fechar o ano com um crescimento de 25% em relação ao ano passado. Isso significará R$ 6,37 bilhões, ante R$ 5,1 bilhões de 2019. Em 2018, o faturamento ficou em R$ 4,7 bilhões.

Para Flávio Martins, que apesar do sobrenome não é parente de Alair Martins, a empresa ganhou terreno porque continuou operando enquanto alguns de seus concorrentes passaram a trabalhar com restrições.

Flávio Martins, CEO do Grupo Martins

A companhia mantém uma equipe de 3.900 funcionários, principalmente na área administrativa, cerca de 500 vendedores contratados e mais de 4.000 vendedores autônomos.

Mas outros fatores também pesaram. “Como os consumidores estavam com restrição de movimentação, eles passaram a comprar mais nas lojas de bairro”, disse o executivo. E são exatamente essas lojas menores as responsáveis pela maior fatia de vendas do Martins.

“Estamos chegando a 130 mil clientes atendidos mensalmente e esse é um número fantástico. Não existe empresa de distribuição de mercadorias para pequenos e médios varejistas que faça isso no Brasil”, afirma Martins. Para ajudar a uma parte dos varejistas menores durante a pandemia, a companhia estendeu prazos de cobrança. Em alguns casos por até 90 dias.

O ritmo de vendas da empresa cresce a um ritmo bem menor agora, no quarto trimestre, do que nos dois trimestres anteriores. Primeiro, diz o presidente da empresa, porque com a flexibilização da quarentena em diversos Estados as famílias voltaram a consumir mais fora de casa e a depender menos de canais de distribuição que são clientes do Martins. Segundo, outras atacadistas já retomaram suas atividades integralmente. E há ainda a redução do valor do auxílio emergencial do governo federal.

Ainda assim, o cenário para 2021 traçado pelos acionistas e pelo executivo é positivo e a ideia é repetir o crescimento de 25% esperado para este ano.

Até dezembro, a empresa planeja contratar mais 400 vendedores. Para reforçar a logística, está em processo de aquisição de mais 140 caminhões. E planeja investir em mais veículos no próximo ano.

Em quase 70 anos de operação, a companhia tem como um de seus pontos fortes o alcance de sua atuação. Em setembro, por exemplo, o Martins atendeu a clientes em 5.546 municípios – 99,5% do total do país.

A companhia abastece, principalmente, o varejo alimentar e farmacêutico, lojas de eletrônicos e informática, de material de construção e também de produtos veterinários.

O grupo Martins é formado ainda por empresas da área financeira, como o Tribanco e a Tricard, distribuidora de cartões; pela Martins corretora de seguros; e pela Única, empresa de distribuição de máquinas de pagamento.

Fonte Valor Econômico
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