Os conselhos de carreira do “pai dos dragões” de Game of Thrones

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“Eu tenho o sangue de dragão em mim. De uma forma ou outro, essas criaturas precisam sair de mim de novo ou vou explodir!”, comenta o artista Dan Katcher sobre seus próximos passos na carreira após seu grande sucesso na criação dos dragões na série Game of Thrones.

O trabalho na série garantiu três Emmys consecutivos na categoria Outstanding Special and Visual Effects Award para seu currículo e um título ainda mais espetacular: o pai dos dragões.

Nada mais justo para quem ajudou a dar vida aos três monstros queridos da Daenerys Targaryen, a mãe dos dragões na série épica. Sua participação na área de criação em filmes como O Espetacular Homem-Aranha (2012) e em séries da DC Comic ajudaram a criar sua marca como o “mestre dos monstros”.

Katcher esteve no Rio de Janeiro em novembro para uma edição especial do IED Parla, evento do Istituto Europeo di Design em parceria com a WACOM, para falar sobre os bastidores de seu trabalho criativo para filmes, séries e videogames.

Em entrevista, ele conta um pouco da origem da sua paixão por monstros, seus altos e baixos na carreira e as dicas para quem quer ter sucesso na área de entretenimento.

Com título que rivalizam os da própria Daenerys Targaryen, como o mestre dos monstros e pai dos dragões, como começou sua jornada como artista e seu interesse em dar vida a criaturas?

Meu interesse em criar monstros começou com dinossauros. Eu cresci relativamente pobre no bairro do Bronx, em Nova York. Uma das melhores partes de crescer em Nova York foi a habilidade de ir ao museu de história natural de graça. Meu pai me levava lá quase todo final de semana, eu passava horas olhando para os ossos de dinossauros e então indo até a sala de répteis para ver todos os animais empalhados na exibição. Eu lembro quando meu pai explicou para mim que eu nunca veria um dinossauro com meus próprios olhos, pois estavam extintos. Se tornou como uma missão da minha vida tentar ao menos recria-los. Não apenas representá-los artisticamente mas realmente entender sua fisiologia. Eu via o filme Fantasia da Disney nessa época, eu devia ter 7 anos de idade e me apaixonei pela representação do demônio Chernabog no final do filme. Eu também amava quadrinho e coisas da cultura pop, tive tantas influências que poderia escrever um livro se tivesse tempo…

Antes de trabalhar com Game of Thrones, qual foi a primeira vez em sua carreira que você sentiu que estava fazendo algo que amava?

Quando eu tinha 17 anos, eu tive meu primeiro trabalha pago como artista. Eu fazia arandelas de Power Rangers para uma companhia de iluminação. Eu havia trabalhado no verão como ajudante de garçom no ano anterior e estava tão feliz de fazer algo que não fosse limpar mesas e lavar pratos. Apenas ter alguém me pagando para esculpir era um sentimento incrível. Não, não era um trabalho glorioso de qualquer jeito, mas me ajudou a seguir um caminho. Tiveram algumas vezes depois que eu tive o mesmo senso de satisfação, mas nunca dura muito.

Teve algum momento na sua carreira que você odiou seu emprego? O que você fez?

Foram tantas as vezes que odiei meu trabalho que eu mal consigo lembrar. No começo da minha carreira, mesmo que eu odiasse meu emprego, eu precisava dele. Então eu fazia o meu melhor mesmo que fosse um saco. No entanto, isso não me impediu de ser demitido em diversas ocasiões por todo tipo de razão. Não fiz nada nefasto, veja bem, eu só não sou bom em fazer outras coisas que não seja fazer arte. Conforme eu envelheci e tive mais sucessos, eu ganhei a habilidade de simplesmente sair de um emprego se não era o que queria fazer. Mas esse é um desenvolvimento mais recente. Boa parte do tempo eu fiz o que precisava para sobreviver.
Artista Dan Katcher, o pai dos dragões de Game of Thrones Artista Dan Katcher, o pai dos dragões de Game of Thrones

Você se considera bem-sucedido? Quando você se sentiu assim?

Essa é uma questão difícil. Ou, deveria dizer, uma questão relativa. Enquanto escrevo a resposta agora, eu consigo ouvir o barulho de lamborghinis andando para cima e para baixo na rua. E eu não estou de nenhuma forma no território lamborghini no quesito financeiro. Dito isso, a Wacom generosamente me convidou para fazer uma turnê pelo mundo e conhecer fãs do meu trabalho. Não consigo dizer quantas milhares de pessoas eu conheci até agora que estavam animadas apenas para ter uma foto comigo. É completamente surreal. Então, sim, de muitas maneiras eu sou bem-sucedido. Mais do que jamais pensei ser possível, mas ainda tenho diversos objetivos para alcançar.

O que você considera que foi vital para sua formação profissional?

A resposta longa e curta é tudo o que aconteceu na minha vida. Ter nascido com pais que amavam arte e ciência. Eu mesmo amar essas coisas acima de todo o resto. Ter nascido com transtorno de déficit de atenção. Estar desesperado. Ter a habilidade de superar o medo. Ter uma esposa e uma rede de suporte, com os amigos que fiz. Sorte. É difícil escolher qual o mais importante. Todos têm seu papel. Porém, acima de tudo, eu nasci para fazer o que faço.

Que conselho você daria para as pessoas que querem trabalhar na sua área?

Dan Katcher: Seja muito bom em anatomia. Sério! Se você fosse fazer o design de carros, você não acha que deveria entender como carros funcionam? Se você vai fazer monstros ou algo assim, faça-os funcionar. Também faça seu trabalho ser visto. Você é seu pior juiz ou você é delirante. Qualquer um dos dois, a verdade sobre seu trabalho vai aparecer mais quando você mostrar seu trabalho para outras pessoas. Aceite o feedback com seriedade. Continue trabalhando, se você ama de verdade a arte e trabalha duro, você será recompensado se dedicar seu tempo. Fique online e veja o que outros profissionais da área estão fazendo. Se pergunte, o que estou fazendo é tão bom quanto o que estou vendo por aí? Se não, por que? Então trabalhe para corrigir o que está errado.

Existe algum monstro que você sonha em dar vida? Qual o seu próximo objetivo?

Existem muitas coisas que quero fazer e você pode imaginar o interesse que estou recebendo ultimamente. Eu amo todos os tipos de monstros e animais e sei lá… mas (e eu não quero cair no esteriótipo aqui) eu tenho o sangue de dragão em mim. De uma forma ou outro, essas criaturas precisam sair de mim de novo ou vou explodir!

Fonte Exame
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