Flexibilidade no trabalho é fator de escolha para 83% dos profissionais, diz pesquisa

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Ter um trabalho flexível pode já ter sido visto com desconfiança, mas a mentalidade empresarial tem, cada vez mais, visto na modalidade uma forma de atrair funcionários, mantê-los na empresa e incentivá-los a serem mais eficientes.

Uma pesquisa feita pelo International Workplace Group (IWG) – empresa de espaços de trabalho – com 15 mil diretores, funcionários, consultores e empreendedores de 80 países, inclusive o Brasil, aponta que 83% dos entrevistados acreditam que a flexibilidade é um argumento decisivo na hora de escolher uma proposta de emprego.

Já as organizações têm estado atentas às demandas de seus futuros talentos e 75% delas dizem usar a modalidade para atrair jovens colaboradores. “Startups e empresas brigam por talentos, mas, como startups costumam oferecer ambientes de trabalho e horários mais flexíveis, as empresas têm buscado se aprimorar nisso”, aponta o CEO do IWG no Brasil, Tiago Alves. Para ele, a demanda é tão real que sites de busca de empregos já oferecem a opção “trabalho flexível” em suas buscas.

A modalidade também é usada pelas companhias que contrataram funcionários de forma tradicional, mas que, com o tempo, passaram a acreditar que adotar práticas de flexibilidade ajuda a aumentar o nível de retenção de colaboradores e a torná-los mais eficientes. Segundo a pesquisa, 85% dos entrevistados perceberam aumento na produtividade após aderirem ao trabalho flexível.

“Tinha uma época em que o funcionário era interpretado como uma pessoa que não produzia, mas, embora ainda haja preconceito com essa modalidade, a sociedade está mudando e hoje as empresas remuneram por produtividade”, aponta Alves.

Trabalho flexível, no entanto, é um conceito amplo e, segundo a pesquisa, há interpretações distintas para o termo. Os entrevistados apontaram que ele significa: ter a capacidade de escolher o local no qual irá desempenhar sua função, conseguir controlar a própria jornada ou poder organizar a carga de trabalho de forma independente.

“A maioria das empresas começa aderindo a uma jornada flexível, depois ao ambiente de trabalho maleável e, então, às ferramentas de tecnologia que permitem o conjunto delas”, diz Tiago.

Essa foi a experiência da Ellevo, plataforma de tecnologia sediada em Blumenau (SC) e que há um ano decidiu implementar a modalidade. “Vimos que algumas empresas fora do País já faziam e resolvemos experimentar. Começamos com metade da equipe trabalhando de home office durante dois dias da semana e fomos ampliando gradativamente”, conta o gerente de desenvolvimento Bruno Pinheiro. Hoje, dos 70 funcionários, 30% podem escolher o ambiente de trabalho que preferem e a meta é que, até o fim do ano, 60% da empresa possa ficar fora do escritório durante alguns dias da semana.

Qualidade de vida

Assim como 76% dos entrevistados pela IWG, um dos principais fatores que levou a Ellevo a adotar a flexibilidade foi encurtar o deslocamento para o escritório e evitar o trânsito. No Brasil, 54% disseram resolver pendências do trabalho durante o percurso – que em cidades como São Paulo dura, em média, três horas, segundo a Pesquisa de Mobilidade Urbana na Cidade, do Ibope Inteligência.

“O que a gente preza é a qualidade de vida. O funcionário consegue ter mais tempo para dormir, se exercitar, levar o filho na escola, fica menos tempo no trânsito e consegue, até, seguir uma alimentação melhor”, diz Pinheiro, que optou por trabalhar em casa.

Adepta ao home office com flexibilidade na jornada, a consultora de negócios Andréa Honorato consegue alinhar qualidade de vida com produtividade. “A minha concentração é muito melhor, tenho o meu próprio espaço e não há barulho. Eu organizo o meu tempo de acordo com o momento do dia no qual eu produzo com mais qualidade e tenho mais foco. Não fico preocupada com o trânsito nem com imprevistos.”

Para o professor do Programa de Capacitação da Empresa em Desenvolvimento (Proced), da Fundação Instituto de Administração (FIA), Sergio Nery, o trabalho flexível é positivo, mas questões como uma possível sensação de isolamento – ao deixar o convívio social – e dificuldades para estabelecer uma rotina em casa podem ser prejudiciais para o funcionário.

“Como temos uma população de trabalhadores gigantesca, cabem todos os tipos de trabalho, até mesmo um mix entre a rotina tradicional e a flexível. Vai depender do tipo de negócio e de pessoa”, diz.

A vontade de aumentar a dedicação aos estudos e à família, sem abrir mão do cargo no trabalho, levou as diretoras de recursos humanos da Unilever, Carolina Mazziero e Liana Fecarotta, a proporem à chefia o “job sharing” (cargo compartilhado). Desde abril, as duas dividem a mesma função e trabalham apenas alguns dias da semana, sem horário fixo: Carolina às segundas, terças e quartas e Liana às terças, quartas e quintas. Com a redução na carga horária, elas recebem um salário proporcional ao tempo que trabalham.

Segundo as profissionais, com essa jornada, elas dedicam mais tempo aos filhos, aos estudos e a atividades como ioga. Em um mês de experiência, mesmo com horário reduzido, dizem perceber maior produtividade, pois estão completamente focadas e, assim, têm nível de engajamento alto.

Fonte Época Negócios
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