A Natura confirmou, na sexta-feira (22), que “vem mantendo discussões com a Avon Products, Inc. a respeito de potencial transação envolvendo ambas as companhias”. A empresa se pronunciou por meio de um comunicado ao mercado após questionamento da CVM sobre uma potencial compra. O Wall Street Journal noticiou que a empresa de cosméticos brasileira estaria em conversas preliminares com a Avon para compra da empresa. A Natura disse que “não pretende fazer comentários adicionais neste momento, porém comunicará ao mercado quando apropriado”.
Segundo as fontes do jornal, as conversas estão em estágio inicial – não há certeza sobre o acordo. Eles dizem que existe a possibilidade de a Natura comprar as operações da Avon na América do Norte, que fazem parte de uma empresa separada e privada, bem como Avon Products, geral, de capital aberto.
Faz três anos que as operações da Avon foram separadas em duas. Agora, 80% das operações nos EUA e Canadá pertencem à Cerberus Capital Management.
O motivo principal foi a tentativa de fortalecer a operação internacional em meio a uma grave crise – foram anos com quedas nas receitas. No último trimestre, a receita veio abaixo das expectativas do mercado, números que geraram queda de 19% após a publicação do balanço.
Já a Natura, que também detém a Body Shop, viu lucro de 48% no quarto trimestre de 2018, e vem atuando na compra de ativos que considera positivos para seu negócio central. Para fazer as aquisições, criou uma holding global chamada Natura & Co.
Negativo à primeira vista
Para analistas do JP Morgan, o negócio pode ser, em um primeiro momento, negativo para a Natura, que ainda está em fase de consolidação da compra recente da The Body Shop. A aquisição da Avon “poderia adicionar camadas completas a uma trajetória já complexa de retomada, além das chances de maior diluição a receita por ação”.
De acordo com eles, o posicionamento atual da Natura, muito focado em produtos ‘eco-friendly’ ou com pouco impacto ambiental, estaria em risco com a entrada da Avon. As empresas poderiam demorar um tempo relevante para realizar as sinergias necessárias.
Por outro lado, a aquisição significaria menor concorrência no mercado brasileiro de vendas diretas, onde a Avon é a maior competidora da Natura, e ganho de escala nos canais de distribuição, além do crescimento potencial fora da América Latina.