Uma lenda do varejo

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Lá se vai Samuel Klein. O fundador da Casas Bahia, morreu aos 91 anos, na madrugada desta quinta-feira (20/11), em São Paulo, de insuficiência respiratória. Sem dúvida, um líder que fará falta ao comércio brasileiro. Assim como outros/já falecidos como o americano Sam Walton, fundador do Walmart, maior varejista do mundo e o comandante brasileiro Rolim Amaro, da companhia aérea TAM, ele faz parte agora de uma galeria de líderes que trabalharam com compulsão e aproveitaram a forte visibilidade que tiveram para inspirarem os funcionários a desenvolver um bom trabalho e a se doarem pela empresa. Coisa em falta hoje em dia!

Fugido da guerra, de mascate, que vendia mercadorias pelas ruas da cidade de São Paulo, criou um ícone do varejo brasileiro com várias lojas em diversos Estados brasileiros e enxergou antes de todo o mundo o poder do crédito. Sua rede, que se tornou a maior varejista de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e móveis do País, possibilitou às classes menos abastadas da população brasileira terem acesso à bens de consumo em diversas prestações. O carnê, pago na loja, era uma estratégia vencedora, que fazia com que o cliente sempre comprasse algo mais quando pagava o boleto no fundo da loja. Desta maneira, fidelizava o consumidor fazendo-o sempre buscar algo em seu estabelecimento. Sua empresa era desdenhada pelos mais ricos. Ele não ligava e continuava a fazer o seu trabalho vendendo e fazendo com que as pessoas pudessem realizar os seus sonhos de consumo em diversas prestações ou como falam hoje em dia, em parcelas que cabem no bolso.

O conheci de perto e o entrevistei algumas vezes. Durante dois anos, cobri o varejo de eletroeletrônicos para um jornal de economia. Assim, pude testemunhar alguns dos melhores momentos desta empresa, que se confundiam com a ascensão da classe média no País, o que fazia a empresa alcançar novos patamares de vendas e de participação no mercado brasileiro.

Em 2007, já idoso e fora do dia a dia dos negócios, tocado por seu filho Michael Klein, Samuel era todo sorriso quando aparecia na loja de São Caetano do Sul-SP, onde o escritório da empresa se situava na época. Rapidamente, uma fila de simpatizantes se formava ao seu redor. Todos queriam ter uma palavra com ele. Estar perto daquele homem. Mesmo cansado, ele atendia a todos e tinha uma palavra de incentivo para cada um de seus funcionários e colaboradores. Atencioso, era festejado pelos clientes, que o cumprimentavam, tiravam fotos e queriam estar perto daquele polonês que escolheu o Brasil como pátria. Não me esqueço de alguns destes momentos ao seu lado e de testemunhar a sua felicidade ao estar em uma loja e conversar com cada um destes seus fregueses. Sem dúvida, um exemplo de líder e de empreendedor que fará falta ao comércio, ao Brasil e ao mundo. Meus respeitos à sua família.

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